domingo, 9 de março de 2008

Castelo de Portuzelo, porque não um museu?


A freguesia de Santa Marta de Portuzelo é, para muitos, um mero local de passagem; faz-lhe referência o próprio topónimo Portuzelo, conhecido no período mediaval como Portucellu, cujo significado é precisamente uma pequena passagem (porto) entre elevações mais ou menos pronunciadas no rio ou em terra.

No troço final da A28, podemos contemplar no sentido Porto-Viana, dois regalos para os olhos, duas relíquias patrimoniais: de um lado o Templo de Santa Luzia, do outro o fantástico Castelo de Portuzelo. Não valerá a pena fazer de um edifício que, desde 29 de Setembro de 1977, é considerado imóvel de interesse público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, um local de passagem em formato de museu ou centro de exposições? Na minha opinião, sim.

Mas qual é a origem deste castelo cuja arquitectura tem marcada inspiração centro-europeia?

Segundo dados recolhidos em várias fontes, a origem do Castelo de Portuzelo está numa propriedade medieval do século XIII, à época tutelada por Fernão da Rocha Lobo e sua mulher, D. Ana Lobo Barreto. Infelizmente pouco se sabe sobre a configuração inicial da propriedade, havendo relatos de que se tratava de uma velha casa solarenga com torre. Sabe-se no entanto que em 1695 uma das sucessoras hierárquicas, D. Maria Lobo, fez importantes obras de renovação do Paço. Em 1735 a sua filha D. Maria Teresa Lobo Sotomaior casou com Sebastião Pereira da Cunha e Castro, fidalgo da Casa Real, Capitão de Cavalos na Província do Minho, começando aqui a união ente as famílias Rocha Lobo e Pereira da Cunha. Volvidas 3 gerações, António Pereira da Cunha, fidalgo de antiga raça e têmpera portuguesa, poeta e prosador de certa valia, herdeiro por sucessão do Paço e bens de seus pais, mandou, em 1853, construir o actual Castelo de Portuzelo. Com o novo Castelo, também a família adoptou a pedra de armas dos Cunhas, por terem maior nobreza, e serem descendentes do 1º Conde da Cunha, dando-se assim, início ao monumental palácio romântico que hoje se conhece. A intenção de António Pereira da Cunha foi actualizar a residência inspirando-se no que, então estava em voga na Áustria e na Alemanha, onde se tinha deslocado para assistir ao baptizado do filho de D. Miguel I. Era tal o seu entusiasmo que dizem ter sido ele próprio quem desenhou a planta com “uma torcida de papel molhada em tinta”.

É um edifício de planta rectangular de onde ressalvam as características torres de menagem românicas. Com uma torre central mais elevada no centro do pátio, em alçado, também as fachadas são marcadas por coroamento de ameias com guaritas nos ângulos, sendo as janelas de estilo neo-manuelino e neo-tardo-gótico. Ao centro da fachada principal, o andar nobre integra um varandim panorâmico axial, ao qual se acede por cinco vãos contínuos de arco trilobado. As extremidades são idênticas entre si, marcadas por janelões de arcos de volta perfeita inseridos em molduras neo-manuelinas.

Após quatro gerações na posse da família, José Pulido de Almeida, comprou o Paço aos herdeiros de António Pereira da Cunha, vendendo-o posteriormente a uma família espanhola, que são os actuais propietários.

Agora retomo a pergunta. Porque não dar um melhor aproveitamento a este emblemático edifício cuja história está intimamente relacionada com a freguesia?

O primeiro passo está dado… O segundo será mais difícil certamente, mas não é impossível.



André Cunha

1 comentário:

Marco Couto disse...

seria uma ideia fantástica,é um edifício estupendo, infelizmente pouca gente sabe da sua existência, muito menos da sua história que é tão interessante.
Termino dizendo, que se alguma vez essa ideia for levada em linha de conta ficarei muito contente com isso,apoiarei a ideia concerteza.

Um abraço e Boas Festas